Segundo a OCDE, em Portugal gastamos cerca de 6% do nosso PIB na educação. Somos o nono país do mundo com maior investimento per capita nesta área. Diz-nos a OCDE que Portugal tem um dos mais elevados ratios alunos/professores. Mesmo assim temos uma das taxas mais elevadas de abandono escolar. Mesmo assim temos resultados negativos na avaliação da qualidade do ensino.
Em 34 anos de democracia tivemos 30 ministros da educação. Trinta. Trinta ministros e quase tantas reformas. Tentámos de quase tudo. Trinta ministros. Trinta visões. Trinta paixões. A educação, dizem-nos, é uma prioridade.
Há dinheiro, há recursos humanos, há vontade política. Tentámos quase todos os sistemas e até inventámos outros. Nada resulta. E já culpámos os manuais escolares, já culpámos os políticos, as infra-estruturas, os sistemas, as reformas, as contra-reformas.
E se é verdade que o monstro administrativo consome grande parte dos recursos destinados à educação a responsabilidade, a culpa, pelo falhanço da educação começa, obviamente, na base do sistema. A responsabilidade primeira está em quem ninguém tem coragem de apontar o dedo: nos professores.
Nos professores porque o ensino não pode ser uma segunda escolha por falta de alternativas profissionais ou financeiras. Há muitos licenciados a dar aulas. Há poucos professores a fazê-lo.
Nos professores porque não perceberam que o mundo mudou. Que a atenção de uma criança tem que ser disputada com os motores gráficos em 3D de uma playstation. E mesmo assim continuam a utilizar os mesmos métodos, as mesmas ferramentas, que já estavam ultrapassadas no tempo do João de Deus. Não há querer fazer melhor ou fazer diferente porque é mais fácil fazer da mesma maneira.
Nos professores porque, na sua obsessãozinha corporativa, se deixaram instrumentalizar politicamente através dos sindicatos. Porque estão mais preocupados com os seus “direitos adquiridos” que com os miúdos que deviam estar a ensinar. Sim. No meio de todas estas guerras e guerrinhas os alunos e o seu direito a um ensino de qualidade é a última das preocupações.
Não podemos continuar a discutir reformas, sistemas e até computadores Magalhães, sem discutir o que está na base. Sou um humanista. E por isso continuo a acreditar que até o pior dos sistemas funcionará sempre com as melhores das pessoas. Sendo que o contrário, vê-se, também é verdade.
Rodrigo Moita de Deus
Escritor
De Joaquim a 4 de Outubro de 2008 às 18:11
Pois!
A culpa do colapso do sistema financeiro americano não é dos responsáveis dos bancos de investimento, é dos seus funcionários.
Porquê?
Porque não perceberam que o mundo mudou, não perceberam que disputam a atenção dos clientes com o Hóquei em Gelo, o Futebol Americano, o Basquetebol, etc, etc.
O que vamos são muitos licenciados e muito poucos bancários...!
Enfim, mais palavras para quê?
De António Fialho a 4 de Outubro de 2008 às 18:22
Coitadinhos dos funcionários que não sabiam nem conheciam o que os malandros dos gestores andavam a fazer.
Aqui o cronista tem razão. Toda a gente se queixa de tudo mas ninguém se quer lembrar que são os professores que dão aulas.
De R. Moita a 6 de Outubro de 2008 às 20:35
Toda a gente se lembra e sabe que são os professores que dão aulas, conforme os funcionários agiam segundo as ordens dos gestores.
Se os funcionários sabiam o que os gestores andavam a fazer, quer dizer que António Fialho concorda que os admistradores andavam a fazer algo de mal.
Segundo, na sua optica, então os funcionários deviam ter feito algo para denunciar essas maroscas.
Agora diga-nos la, ó António Fialho, se os professores têm andado calados ou andam a falar como os tais funcionários deviam ter feito ?
De Paulo Topa a 4 de Outubro de 2008 às 18:21
Até posso estar muito enganado, mas creio que a Matemática não deveria ser uma das suas áreas fortes (certamente, por causa dos professores). A frase: "Diz-nos a OCDE que Portugal tem um dos mais elevados ratios alunos/professores." deveria ter o sentido contrário ou não?
Não pretende dizer que existem poucos alunos por professor ou muitos professores por aluno?
Se o ratio alunos/professores é elevado, quer dizer que existem muitos alunos por cada professor.
De
Filomena a 4 de Outubro de 2008 às 18:47
Ó Rodrigo!
Quem é que o ensinou a escrever assim?
E até é escritor...
Já tem muitos livros publicados?
Coitado dos seus professores...
Já não se lembra deles?
Eram assim tão maus?
De reb a 4 de Outubro de 2008 às 19:05
Este senhor Rodrigo apreendeu bem a lição do actual Ministério da Educação: a culpa do insucesso é dos professores!
Sim, porque são os professores os culpados da grande crise económica e social que faz com que muitas crianças deste país andem desorientadas; são os culpados pelos programas das disciplinas que leccionam; pelos horários disparatados dos alunos ( no seu tempo não passava 8 horas por dia em aulas); pelo currículo único até ao fim da escolaridade obrigatória ( 9º ano) , pelo que todos os jovens, independetemente das suas condições e/ ou capacidades têm 15 disciplinas, das quais a maioria teóricas...
Se quer ter alguma opinião sobre o que se passa na escola portuguesa, tenha a humildade de deslocar-se a algumas escolas, documentar-se e questionar quem lá passa os dias: professores e alunos.
De Emanuel Santos a 4 de Outubro de 2008 às 19:34
Se esye senhor é PSD eu apesar de militante do PSD nunca votarei PSD... começa logo com uma invenção... nunca a OCDE publicou tal número... se calhar publicou um número que é metade... simplesmente triste. Assim não me revejo neste PSD
De Antero Neves a 4 de Outubro de 2008 às 19:43
Realmente é verdade que o relatório de 2006 da OCDE afirma que gastamos um pouco menos de 6% de PIB com a educação, o nosso ratio de alunos por professor está acima da média e também é verdade que o "monstro administrativo" de que fala consome muito do que era destinado para a educação, mas tal como consome financiamento, hoje em dia consome também o tempo dos professores que em vez de estarem a preparar aulas estão a ler decretos-lei, circulares e afins, de forma a estarem minimamente informados sobre a próxima patranha deste Ministério da Educação, e muitas vezes fazem-no de pé porque as condições numa sala de professores são meia dúzia de cadeiras, três mesas e outros tantos computadores para duzentos professores.
E digo-lhe, Sr. Rodrigo, a "obsessãozinha corporativa" só surgiu porque as coisas estão efectivamente muito mal e se são os miúdos/alunos os primeiros a sofrer, é porque os professores têm que lutar pelas suas carreiras para tratar bem os miúdos que têm em casa, porque os professores também têm filhos, para sua informação.
Rodrigo: Eu sou aluna de uma escola pública normalíssima, tenho 15 anos, ao contrário da maior parte dos comentadores que devem ser obviamente, professores.
Quando diz que há muitos professores que não se modernizam, que não se apercebem das “novas realidades”, que não tem vontade de mudar, que continuam a agir como antigamente, eu digo que é verdade. Há professores assim. Que são obviamente os professores medíocres. Infelizmente há professores medíocres. Mas também há médicos medíocres, vendedores medíocres, jornalistas medíocres (isso é o que não falta), e também há professores. Há professores que não se modernizam, outros que não sabem ensinar em parte porque aquilo não era a profissão que queriam e depois deixaram-se ficar ali por comodismo. No entanto, nem todos são assim. Aliás, grande parte dos professores não é assim. Há alguns sim, há alguns bem maus. Mas a maior parte não o é. Na minha vida de estudante tive 3 professores maus.
Estou no 11 ano, tenho quase 7 professores diferentes por um ano, faça as contas. Os outros, os bons, que julgando pelo seu texto é uma minoria, mas na realidade são uma maioria, desenvolveram-se, tentam chamar a atenção dos alunos para várias temáticas interessantes que se podem vir a relacionar com as matérias.
Quando diz que: “Que a atenção de uma criança tem que ser disputada com os motores gráficos em 3D de uma playstation.” Isto não podia estar mais errado. Os alunos é que tem de se aperceber que precisam da escola. Os pais têm que fazer os miúdos perceber isto. Nós, precisamos da escola. Sem a escola não há futuro. Tem que se apreender que a playstation fica para depois dos trabalhos de casa. Os professores, ao contrário do que disse, não têm que disputar nada. Não é essa a obrigação deles. A obrigação é ensinar e saber ensinar o que alguns não sabem. E ai sim tem culpa. Mas disputar atenções?
Quando diz que: “Em 34 anos de democracia tivemos 30 ministros da educação. Trinta. Trinta ministros e quase tantas reformas. Tentámos de quase tudo. Trinta ministros. Trinta visões. Trinta paixões. A educação, dizem-nos, é uma prioridade.”
Já pensou que se calhar os 30 ministros, 30 visões é que podem ter sido o problema? Que de repente todos nós, os professores e o sistema, tiveram que se adaptar a estas 30 visões como lhe chama? Adaptar ás 30 reformas? Isto, claro para além dos professores maus.
Como aluna o que vejo cada mais, é um grande descontentamento entre os professores bons, que se acaba por se verificar nas aulas
De zlipax a 6 de Outubro de 2008 às 12:14
15 anos e a escrever assim?
O ensino português precisa é de menos playstations e de mais alunos destes...
Os meus sinceros parabéns. Continua assim, mesmo que a tua geração te desiluda, como eventualmente acaba por acontecer ;)
De Fernando a 4 de Outubro de 2008 às 21:17
A forma e o conteúdo do texto do Rodrigo-escritor é de uma mediocridade avassaladora.
Toda esta gente que se diz escritor ou escritora em Portugal precisava de voltar à escola ou, no mínimo, ler o Padre António Vieira para saber como se escreve e como se argumenta.
Lamentavelmente patético...
De Margarida Pires a 4 de Outubro de 2008 às 21:54
Analisando a questão de forma propositadamente simplista, podemos assim concluir que as escolas que se submeteram à avaliação externa e à avaliação do ministério e obtiveram a classificação de excelente, são "nichos" de professores excelentes que são professores porque assim o quiseram ! Não podendo reduzir a escola apenas aos professores. Então talvez o dedo do "acusador" não deva apontar e "disparar" apenas e tão só nessa direcção. Mais não comento porque estou cansada de servir de "bode expiatório" para situações para as quais não contribuí. E venha lá essa avaliação a sério para professores, mas também para políticas educativas ou não, e para todos quantos, de uma forma ou de outra, não se podem esquivar das suas responsabilidades.
De MJP a 4 de Outubro de 2008 às 22:07
Um humanista sabe (saberia) que educar não passa por fazer concorrência a playstations . Um tecnocrata inculto pensa assim.
Um humanista sabe que se educam pessoas e não se vertem informações desconexas. Para que a escola forme pessoas melhores não tem que ter tecnologias, tem que ter pessoas bem formadas para ensinar pelo exemplo.
Quando os humanistas cedem às playstations , estamos reduzidos a fantoches.
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