Domingo, 5 de Outubro de 2008

À força de duvidar, chega-se a conhecer a verdade? (Descartes)
 

Em longos anos que só uma forte crença suporta, tenho-me batido pela criação de uma Ordem dos Professores. Com essa intenção, afadiguei-me em longas consultas de textos para desmontar argumentos, a contrario, mas sem suporte consistente, como sejam, por exemplo, não exercer o docente uma profissão liberal, mesmo que stricto sensu, e terem todas as ordens anteriores a 25 de Abril a sua génese bastarda em filiação do Estado Novo, sofrendo, com isso, do pecado original de associação
corporativa com a exclusão intencional dos sindicatos nacionais, também eles, porém, integrados na política do Estado Corporativo,  através do decreto-lei 23050 de 1933.
Fica-me a esperança que as respostas às dez perguntas que aqui deixo possam ajudar a colmatar omissões da minha argumentação ou mesmo a melhorar alguns dos seus pontos fracos. As perguntas são:

1. Porque será que tantos estratos laborais de formação académica  superior se estruturaram em ordens profissionais e outros, com formação escolar de igual exigência, se limitam a ansiar por idêntico
estatuto?
2. Porque será que os psicólogos lutaram anos a fio pela sua Ordem e  se regozijam hoje por a terem finalmente conseguido ?
3. Porque será que a Fenprof, o sindicato com maior representatividade em número de associados, se inquieta tanto só de ouvir falar na criação da Ordem dos Professores?
 

4. Porque será que o partido com a responsabilidade da maioria  absoluta parlamentar não deu provimento, na Assembleia da República, a uma petição, apresentada em 2 de Dezembro de 2005, para a criação da Ordem dos Professores, subscrita por 7857 docentes?
5. Terá sido por a Ordem dos Engenheiros não ter permitido a inscrição  de licenciados pela Universidade Independente que a recente legislação  regulamentadora de novas ordens profissionais retirou a essas associações a validação dos respectivos cursos de acesso?
6. Porque será que outras profissões, de idêntica projecção e responsabilidade sociais, se subordinam a um código deontológico específico que lhes impõe direitos e lhes exige deveres,  responsabilizando os seus membros por uma prestação de serviços qualificados à comunidade, e os professores não?
7. Não serão merecedores de igual tratamento os usufrutuários de um sistema de ensino consignado como um direito constitucional?
8. Será que os professores se resignam ao papel de escravos ao serviço dos mandarins da Avenida 5 de Outubro?
9. Será que os resquícios de uma política sindical mercantilista, que inscreveu sem qualquer critério de formação académica minimamente exigente indivíduos que lhes batiam às portas na defesa de direitos
bastardos e deveres não cumpridos, não contribuíram para a perda de prestígio da classe docente e para a perda da sua identidade  profissional?
10. Finalmente, considerando um silêncio que, infelizmente, parece não prenunciar a máxima de quem cala consente, qual é a posição dos Ministérios da Educação e da Ciência e Ensino Superior sobre a criação da Ordem dos Professores?
Porque, a exemplo de André Gide, acredito naqueles que procuram a verdade, são estas umas tantas perguntas (outras haverá, certamente) à procura de boas respostas, isentas tanto quanto possível de parti pris. A classe docente possui uma maturidade que não deve continuar a ser, como escreveu Fernando Pessoa, um "arrabalde de si própria"!

Contributo enviado por: Rui Vasco Júlio Pereira da Silva Baptista



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