De Joaquim a 5 de Outubro de 2008 às 18:51
Não poderia estar mais de acordo. O problema do desastre do ensino em Portugal é essencialmente um problema ideológico cimentado por Maria de Lurdes Rodrigues assim que chegou ao poder.
Enquanto não se romper que a ideologia do bom selvagem tão à moda da esquerda caviar, dos socialistas e, infelizmente, de grande parte dos social democratas, Portugal continuará a ser um país adiado e quase todos continuaremos a empobrecer alegremente.
De Helena a 6 de Outubro de 2008 às 00:11
Tenho lido com agrado alguns dos escritos de Mithá Ribeiro sobre a realidade das escolas portuguesas. Considero, porém, perigoso para a causa da Educação e para a tal necessidade de se "construir, desde já, um pensamento e um programa políticos consequentes, estruturados e fortes" a associação (simplista?) de "um ensino paranóico centrado no aluno que até agora não foi capaz de buscar um equilíbrio entre direitos e deveres face à instituição-escola" aos partidos de esquerda. Concordando que estão em causa importantes questão ideológicas na definição das políticas educativas, penso que só prejudica o debate sério e consequente a ideia de que a esquerda ( qual esquerda?!) defende a indisciplina ou o facilitismo. É, realmente, colocar a discussão ao (des)nível de afirmações do tipo da que aqui lemos sobre uma suposta "ideologia do bom selvagem" defendida por uma tal de "esquerda caviar". O que se tem feito em nome das Ciências da Educação tem, seguramente, muito mais a ver com oportunismos pessoais do que com esquerda e direita.
De José a 5 de Outubro de 2008 às 23:54
Bom. Aqui está alguém que sabe do que fala e tem alguma coisa para dizer. E digo isto por comparação com textos abstrusos, sem qualquer nexo de causa efeito, de quem não percebe nada do assunto.
Digo-o porque até discordo de algumas ideias. Por exemplo, a do exame salvador. Neste momento a quantidade de exames é mais ou menos a razoável. Épocas de exames muito longas, com muitas e variadas provas, encerramento antecipado das aulas, e não só, provocam tantas alterações no seu funcionamento, tanta burocracia, tantas regrazinhas, tanta picuinhice, que prejudicam mais do que beneficiam.
De qualquer modo, parabéns.
De Margarida Pires a 6 de Outubro de 2008 às 00:04
Caro Gabriel Mithá Ribeiro:
Se o seu partido tiver o discernimento e o bom senso de lhe dar o devido valor, então ainda haverá esperança para que algum dia a escola seja um melhor lugar, cumpra melhor o seu papel, agradeça e reconheça o esforço de quem lá trabalha, e faça as "pazes" com a sociedade.
Voto em si! Parabéns!
Margarida Pires
De José a 6 de Outubro de 2008 às 01:05
Bom. Aqui está uma abordagem de alguém que sabe daquilo que está a falar. Num tempo em que se vê cada vez mais caroqueiros escribas e outros a fazerem-se passar por aquilo que não são, é de louvar. E falo à vontade até porque discordo de algumas ideias. Por exemplo, a do exame salvador do sistema. Penso que o número de exames está neste momento numa medida mais ou menos certa. As épocas de exames demasiado longas, com o consequente encurtamento do tempo lectivo, a quantidade de provas, o cumprimento de excessos burocráticos, regras, regrinhas e regretas , os excessos de zelo de determinadas hierarquias, o desgaste pouco útil em todas as subtilezas dos exames, entre outros aspectos, acabam por se tornar mais prejudiciais do que benéficas. Principalmente, para a obtenção de habilitações escolares como a básica. Já agora, o texto mostra preocupações legítimas. Poderia o PSD preocupar-se um pouco mais com a escola pública? Ter alguém a acompanhar esta experiência mundial de desmotivar os principais trabalhadores desta grande "Empresa", para testar depois os resultados? Suponho que é a primeira vez que se faz! Nenhum empresário a faria, mas se a fizesse no final verificaria os resultados. A diferença é que aqui os resultados começam a ser quase, digamos, "aconselhados"!
De h5n1 a 6 de Outubro de 2008 às 17:29
Seria de facto um trabalho deveras interessante, analisar a relação entre a ideologia dominante de "esquerda" em relação à educação, e certas práticas instaladas no Ministério de Educação nos últimos 34 anos.
Em primeiro lugar a ideia do aluno-centrismo , que ganhou força no nosso país com a teoria omnipresente de Piaget e com o construtivismo.
Depois, com todos os amadores de Maio de 68 na sua demanda psico-dramática dos afectos, contra a hierarquia e a autoridade dos docentes (traduzida na prática em tantas passagens administrativas e melhores carreiras fulgurantes de ex-maoístas e ex-estalinistas).
A somar a tudo isto, a matriz fundacional das Ciências da Educação, ligada umbilicalmente ao "destino" social ( teoria invertida do "dom"), à Sociologia dos "herdeiros" e da "reprodução", reduto estrutural, profissional e ideológico, de rapazes e raparigas em busca de algum protagonismo e cumplicidade, qual seita adoradora da "escola monopolista do Estado".
A "escola pública", enquanto instrumento de engenharia e de mudança, consolida-se numa continuidade histórica e ideológica, em toda a abordagem positivista do processo educativo.
Nesta concepção hegeliana-marxista de escola, a pedagogia serve sobretudo como instrumento de encontro com a "verdadeira história", de construção de um "povo novo", ideia central do jacobinismo.
Este é o lastro da "esquerda" na educação, que ainda encontra excrescências no actual ministério da educação, ou não fosse Sócrates um tele-evangelista da "mudança" e um vendedor exímio de aparelhos do "progresso".
De Esquerdista a 9 de Outubro de 2008 às 10:20
Realmente o ME tem sido dominado, nestes 30 e tal anos de democracia, por perigosos esquerdistas. O ministro cavaquista Roberto Carneiro, por exemplo. Outro bom exemplo é o secretário V. Lemos, que já foi candidato pelo CDS a uma câmara municipal. Um acérrimo defensor do construtivismo e da pedagogia do "sucesso", como qualquer ex-aluno da ESE de Castelo Branco poderá confirmar.
De pedro picoito a 6 de Outubro de 2008 às 18:10
Excelente post. Sendo eu social-democrata, há que reconhecer que só olhando para os erros do PSD em matéria de políticas educativas se poderá fazer melhor no futuro.
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