No sentido de contribuir para o debate, procurarei limitar-me a aspectos concretos da politica desastrosa que vimos tendo, por parte de uma equipa ignorante da realidade do país e das escolas:
1- Docentes: Estão desmotivados, esmagados em burocracia, perdem horas intermináveis nas escolas em reuniões inconsequentes e em actividades sem conteúdo prático, falta-lhes tempo para preparar aulas materiais, corrigir testes/trabalhos, enfim para se dedicarem aos seus alunos e ensinar. No entanto trabalham semanalmente muito mais horas para além do limite legal, sendo normal gastarem-se 40, 50 horas por semana, mais de 50% em actividades inúteis e burocracia. Para completar o desespero e a revolta reinantes, viram o seu estatuto económico e social denegrido e contam com uma carreira, inexplicavelmente dividida em duas categorias, com o único propósito de pagar menos, baseada no exercício de cargos que, nada tem a ver com o mérito no exercício da sua principal tarefa que é, ou devia, ser ensinar. A burocracia reina e ensinar, preparar os jovens para um mundo cada vez mais exigente em termos de conhecimentos e competências, não interessa e é perfeitamente marginal. Interessa sim conseguir melhorar as estatísticas do falso sucesso escolar. O ambiente nas escolas é insuportável, o trabalho em equipa é difícil e todos vivem obcecados com a avaliação de desempenho, um modelo que demonstra a ignorância e incompetência deste governo na gestão de recursos humanos È preciso que todos os alunos transitem, independentemente de terem ou não aprendido alguma coisa, de terem ou não ido à escola de terem ou não comportamentos sociais e de cidadania adequados.
Transmite-se o facilitismo e a irresponsabilidade, num mundo cada vez mais exigente e selectivo. Os Professores sabem e os alunos também. O que é preciso é diplomas, mesmo que passados a pouco mais que analfabetos. A Inglaterra, atravessou uma grave crise na educação à cerca de 30 anos e numa entrevista ao jornal Publico, Jim Knight, Secretário de Estado da Educação refere que foi preciso dignificar a profissão docente, que é hoje uma das mais prestigiadas e acrescenta que os docentes foram libertados de todo o trabalho burocrático, criando-se a figura do assistente (não docentes) para libertar os docentes do trabalho burocrático, para que estes se dediquem apenas a ensinar. Será que estamos a iniciar o percurso que a Inglaterra, percorreu para daqui a 30 anos ter um bom sistema educativo?
2- Alunos: Sabem que faltar à escola porque estão doentes ou simplesmente não lhes apetece lá ir, é igual e, em qualquer dos casos, basta depois um teste, trabalho ou uma simples conversa para ultrapassar a situação. Sabem ainda que se não passarem a culpa é dos professores e estes é que poderão ser prejudicados, não eles. Sabem assim que, não é preciso estudar e trabalhar, respeitar os professores, acatar orientações ou normas ou ter um comportamento aceitável, porque no fim do ano, tudo é ultrapassado e tudo se resolve. Neste sistema só são prejudicados os alunos que querem aprender e saber mais, que querem trabalhar e não acreditam nem aceitam o facilitismo, nem andam apenas atrás de um qualquer certificado. Só que estes estão no País errado, porque para este governo, não é disso que o País precisa, mas apenas de boas estatísticas, custe o que custar. Estes alunos estão a ser prejudicados e enganados por estes governo irresponsável. Estamos a enganar toda uma geração que vai ser ultrapassada e espezinhada por imigrantes oriundos de países onde saber e ser competente ainda são valores fundamentais.
3- As Escolas: Morreu a autonomia das escolas que só existe no papel. Diariamente as escolas são invadidas por despachos, circulares, notas informativas e orientações que pretendem regular tudo e todos a partir da 5 de Outubro. Para se assegurar de que tudo é feito no estrito cumprimento dessas normas e garantir que não há falhas na sua interpretação ou para transmitir mais orientações, convocam-se os Conselhos Executivos das Escolas, o chamado Conselho de Escolas com a finalidade de se assegurarem que tudo é controlado ao milímetro, sem atender à realidade das escolas e de cada uma delas.
Contributo enviado por: Guedes da Silva, Professor de Economia
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