Em texto anterior, referia-me eu à desvalorização e ao esgotamento dos professores, em virtude das políticas e da postura do Ministério da Educação. Pois bem, lendo a edição de hoje – 08/10/2008 –, do Jornal de Notícias, ficamos a saber que, neste ano de 2008, já se reformaram quase quatro mil professores e educadores de infância! O mesmo jornal compara o mês de Setembro deste ano com o do ano anterior, concluindo que o número de aposentados mais do que duplicou: de 249 passou para 510! Muitas destas aposentações são aposentações antecipadas! Perante estes indicadores, o mesmo jornal conclui que, de duas uma: ou os professores estão a ficar mais velhos ou cansados. Uma vez que parece pouco crível que a população docente tenha envelhecido brutalmente e que muitos professores pedem a reforma antecipadamente, sujeitando-se às respectivas penalizações, a resposta mais provável é o seu cansaço, conclui ainda o mesmo jornal.
Começo por referir que nunca houve um Governo que manifestasse tanto desprezo pela classe docente! Veja-se este facto sintomático: o Ministério da Educação, no seu site, não teve sequer uma palavra a propósito do dia dos professores!
A extinção das escolas técnicas e dos liceus, em nome de um pretenso ensino “democrático”, independentemente das vocações ou capacidades cognitivas dos alunos, é uma aberração nacional pós 25 de Abril merecedora da crítica que foi feita em França, por Jean-Luc Melénchon, figura socialista com elevada audição no respectivo sistema educativo: “ O collège único é uma ficção, um igualitarismo funcional que nada tem a ver com a igualdade real” (“L’Express”, 22 de Março de 2001).
Um contributo enviado por: Rui Baptista
Ao longo dos três últimos anos, o Governo anunciou inúmeras reformas na Educação. Em inúmeras acções públicas tem-se afirmado bem sucedido. Será um sucesso real ou propaganda enganosa?
No sentido de contribuir para o debate, procurarei limitar-me a aspectos concretos da politica desastrosa que vimos tendo, por parte de uma equipa ignorante da realidade do país e das escolas:
1- Docentes: Estão desmotivados, esmagados em burocracia, perdem horas intermináveis nas escolas em reuniões inconsequentes e em actividades sem conteúdo prático, falta-lhes tempo para preparar aulas materiais, corrigir testes/trabalhos, enfim para se dedicarem aos seus alunos e ensinar. No entanto trabalham semanalmente muito mais horas para além do limite legal, sendo normal gastarem-se 40, 50 horas por semana, mais de 50% em actividades inúteis e burocracia. Para completar o desespero e a revolta reinantes, viram o seu estatuto económico e social denegrido e contam com uma carreira, inexplicavelmente dividida em duas categorias, com o único propósito de pagar menos, baseada no exercício de cargos que, nada tem a ver com o mérito no exercício da sua principal tarefa que é, ou devia, ser ensinar. A burocracia reina e ensinar, preparar os jovens para um mundo cada vez mais exigente em termos de conhecimentos e competências, não interessa e é perfeitamente marginal. Interessa sim conseguir melhorar as estatísticas do falso sucesso escolar. O ambiente nas escolas é insuportável, o trabalho em equipa é difícil e todos vivem obcecados com a avaliação de desempenho, um modelo que demonstra a ignorância e incompetência deste governo na gestão de recursos humanos È preciso que todos os alunos transitem, independentemente de terem ou não aprendido alguma coisa, de terem ou não ido à escola de terem ou não comportamentos sociais e de cidadania adequados.
Contributo enviado por: Guedes da Silva, Professor de Economia
Estranho profundamente o silêncio da sociedade civil à volta de certos assuntos respeitantes a esta ou àquela classe social. Dá a impressão que estamos todos de costas voltadas. Os que se sentem bem, porque se sentem bem querem que os que estão mal se amanhem; onde está a solidariedade democrática de 25 de Abril?
Mais me repugna o facto de a classe política estar também ela a marimbar-se; dando a impressão que os deputados da oposição só se limitam a “coçar para dentro” porque é uma das classes bem.
Mesmo alguns deputados do meu partido – o PSD – não escapam a este meu desabafo.
Esta estranheza só é superada pela tristeza que sinto quando leio e ouço os comentários espalhados pelas ruas, televisões e jornais que tentam humilhar e envergonhar os professores, ainda mais quando me apercebo que grande parte desses comentários tem a sua origem no Governo e em particular no Ministério da Educação.
Sou professor, ou melhor, era-o até algum tempo atrás, pois o Executivo PS quer agora implementar uma prova de avaliação de conhecimentos e competências que ateste quem tem efectivamente capacidade para o exercício da função docente; portanto, a partir do momento que esta medida for avante, até realizar a dita prova, não serei mais professor, e passarei a ser simplesmente uma pessoa com uma licenciatura de 5 anos em Ensino de Matemática e um mestrado de 2 anos em Ensino de Matemática, ambos tirados numa universidade reconhecida pelo Estado, a Universidade de Aveiro.
O ensino era para os que podiam e queriam, agora, é para todos, quer queiram quer não, do apuro da melhor colheita passou-se à extracção de vinho de toda a casta, até o humilde vinhateiro teme pelo resultado. O ensino que na diversidade oferecia escolha aos alunos, tratando desigualmente o que era desigual (a verdadeira igualdade) com Liceus, Escolas Técnicas e Escolas Comerciais, passou a trabalhar na unidade a amálgama da juventude, massa humana, como seres indistintos, indistinguíveis, uniformes e conformes.
Em vez de fazer-se evoluir a Escola “tradicional”, construiu-se sob as suas ruínas, canibalizou-se, e o edifício actual ficou doente, doente. O remédio foi-se ministrando em implacáveis cortejos de remendos, consertos, arranjos, reparações, refazimentos, e revolvimentos, a que se foi dando o eufemístico nome de Reforma do Ensino, do qual redundou o actual estado de aparente “baixo nível”. No fim, a Escola Pública passou mesmo a não servir todos, discriminando quem não pode, na medida em que só “nivela” os seus, com explicações, quem pode. Esta mudança criou a verdadeira escola da desigualdade. Este é o juízo concorde dos ensinantes apaixonados e preocupados chefes de família.
Contributo enviado por: José Fernandes Basto
À força de duvidar, chega-se a conhecer a verdade? (Descartes)
Em longos anos que só uma forte crença suporta, tenho-me batido pela criação de uma Ordem dos Professores. Com essa intenção, afadiguei-me em longas consultas de textos para desmontar argumentos, a contrario, mas sem suporte consistente, como sejam, por exemplo, não exercer o docente uma profissão liberal, mesmo que stricto sensu, e terem todas as ordens anteriores a 25 de Abril a sua génese bastarda em filiação do Estado Novo, sofrendo, com isso, do pecado original de associação
corporativa com a exclusão intencional dos sindicatos nacionais, também eles, porém, integrados na política do Estado Corporativo, através do decreto-lei 23050 de 1933.
Fica-me a esperança que as respostas às dez perguntas que aqui deixo possam ajudar a colmatar omissões da minha argumentação ou mesmo a melhorar alguns dos seus pontos fracos. As perguntas são:
1. Porque será que tantos estratos laborais de formação académica superior se estruturaram em ordens profissionais e outros, com formação escolar de igual exigência, se limitam a ansiar por idêntico
estatuto?
2. Porque será que os psicólogos lutaram anos a fio pela sua Ordem e se regozijam hoje por a terem finalmente conseguido ?
3. Porque será que a Fenprof, o sindicato com maior representatividade em número de associados, se inquieta tanto só de ouvir falar na criação da Ordem dos Professores?
Contributo enviado por: Rui Vasco Júlio Pereira da Silva Baptista
Pessoa amiga lança-me o repto: vá lá, toca a participar no blogue do PSD (sobre educação). Está bem, então.
Na sequência do debate sobre educação, é com muito prazer que participo nesta discussão pública em prol do Nosso Ensino.
No meu caso como trabalho numa instituição de Ensino Superior gostava que houvesse uma maior aposta na internacionalização do nosso Ensino Superior. Para isso é preciso que as Universidades apostem na oferta formativa à disposição e a divulguem para cativar mercados emergentes e mais importantes, como os de maior afinidade.
Isto não é novo, mas é o que se passa lá fora, se tomamos tantas vezes o exemplo de alguns países da União Europeia, neste caso devemos copiar o que alguns países fazem.
Deveria se criar um plano, com os esforços conjugados entre os Ministérios da Educação, Ensino Superior e Negócios Estrangeiros para ir buscar lá fora alunos e professores através de intercâmbios de forma a que as elites de amanhã desses países tenham afinidade com o nosso país.
Países emergentes como a India e China são mercados de eleição onde se conjuga a necessidade e procura pelas mais prestigiadas Universidades, que obviamente temos no nosso país, mais, temos condições únicas para tal.
Portugal é um país seguro, tem condições climáticas muito amenas, condições de vida não muito caras, está inserido na Europa das oportunidades e tem preços considerados mais baixos no ensino do que no resto dos principais países europeus.
Hoje o que se passa é que as Instituições de Ensino Superior estão sem meios a tentar procurar sozinhas estes projectos, com gasto de dinheiro que nos primeiros anos não terá o retorno desejado, demorará anos a cimentar uma posição, ainda mais sem o apoio central das políticas do país.
É por isso necessário acordar para esta situação, pelo que aqui deixo a minha contribuição.
Com os melhores cumprimentos,
Contributo enviado por: Pereira da Costa
Estou preocupado com o actual rumo que o ensino em Portugal está a tomar. Primeiro porque sou Pai e depois porque sou Professor. As sucessivas alterações produzidas por despachos e decretos leis que tem chegado às escolas, têm descaracterizado a função da escola. A alteração do estatuto da carreira docente e do estatuto do aluno lançou uma profunda confusão no funcionamento das escolas. A ministra toma decisões apressadas só para poder dizer que pior que decidir é não fazer nada. Actualmente os Professores passam mais tempo na escola com tarefas burocráticas, do que a planificar e acompanhar devidamente os seus alunos. O número de alunos por turma, o numero de turmas atribuídas a cada professor e também disciplinas atribuídas a professores que nunca as leccionaram fazem dos professores meros tarefeiros, fazendo mais ocupação de alunos, do que ensinando alunos.
Contributo enviado por: Valdemar Gomes
O nosso País pode definir-se por uma capacidade galacto-legislativa ímpar, capaz de convencer gente menos esclarecida e reclamante de lucidez. Quão arredios da perspicácia andam os membros do Governo a pensar que nisto não se hipoteca uma ou mais gerações. Mudam-se critérios de regulação do sistema, a contento de uma regra de imagem politizada por estatísticas para estrangeiro ver, sem perceber.
Um contributo enviado por: Hélder Ramos
Numa iniciativa que se saldou num enorme sucesso, o Grupo de Mulheres do PSD de Vila do Conde organizou, na passada semana, um «Fórum Educação».
Quem esteve presente ouviu coisas de estarrecer, algumas que bastaria o recurso ao senso comum para serem corrigidas. A contestação à política educacional governativa é tão vasta e uniforme que, a crer na sua integridade de opiniões, não deve haver um único professor a votar no PS nas próximas legislativas. É a Lei da Avaliação, a da Autonomia das Escolas, são as medidas avulso que nada resolvem, pela simples razão que não há estratégia, mas apenas uma escolha casuística de acções.
Veja-se, por exemplo, o caso do computador Magalhães. Passando ao lado de que aquele produto já tem dois anos no mercado, não tenho o mínimo problema em aplaudir esta iniciativa. È fantástica a ideia de que cada aluno, na sala de aulas, possua um computador. Acontece que este equipamento, por si, não tem valor didático. Porque um computador é apenas uma ferramenta de trabalho, um auxiliar electrónico na acção educativa. Não é por existir um computador para cada aluno que os níveis de literacia e de sucesso escolar irão aumentar.
Contributo enviado por: Pedro Brás Marques, Vereador na CM de Vila do Conde
É como simples cidadão, que se preocupa com a Educação em Portugal, que tomo a liberdade, que é um direito de cidadania , de lhes enviar o meu contributo para uma discussão aberta a toda a Sociedade Civil .
As conclusões de tal debate deveriam ser apresentadas em lugar público, aberto a todos os interessados nesta problemática.
Gostaria de igual modo, já que é um incentivo, que as várias posições em debate fossem sendo enviadas a todos aqueles que de algum modo se interessam pelo Ensino e pela Educação em Portugal, para os respectivos endereços electrónicos, para assim se poder acompanhar a evolução dos trabalhos sobre tal tema.
Como cidadão atento a luta pela eficácia do nosso Ensino considero, como a generalidade dos portugueses, que a sobrevivência de Portugal como nação irá neste mundo globalizado repousar cada vez mais , no nível cultural e profissional que possa ser alcançado pela nossa juventude .
Um contributo enviado por: Mário Ribeiro.
Ao longo dos últimos três anos, a área da educação tem sido seguramente aquela que mais tem sofrido com as tropelias do Partido Socialista e dos seus dirigentes e governantes.
Com efeito, e ao invés do que (auto)proclamam o Senhor Primeiro-Ministro e a Senhora Ministra da Educação, aniquilou-se o que havia de bom e positivo na escola pública e deitaram-se abaixo práticas pedagógicas que - não sendo obviamente perfeitas e ideais - eram melhores, mais fiáveis e mais respeitadas e respeitáveis do que aquelas a que somos sujeitos e com as quais somos obrigados vivemos hoje em dia.
Com efeito, enquanto professor (que trabalha no Ensino Particular e Cooperativo, esclareça-se), preocupa-me tudo o que foi feito para degradar a educação no nosso país, mas preocupam-me sobretudo alguns aspectos relativos ao sistema de ensino.
Contributo enviado por: Carlos Pereira
Contributo enviado por: José Manuel Polido
Como é amplamente sabido, o Governo, através do Ministério da Educação, pretende implementar uma prova de ingresso na carreira docente, inserindo isso no seu discurso mais vasto, demagógico e falso de um reforço da qualidade da educação e, portanto, dos seus profissionais. Mas será que tal prova de ingresso tem justificação? Vejamos:
Em primeiro lugar, com a introdução de uma prova dessas, o Governo lança a desconfiança sobre a qualidade das instituições de ensino superior que ele próprio certifica, em vez de reforçar os mecanismos de aferição de qualidade dessas instituições! Depois, há outras questões que levantam sérios problemas, a propósito da prova. De acordo com o novo Estatuto da Carreira Docente, as pessoas que quiserem apresentar-se a concurso, terão de ser possuidoras de habilitação profissional para a docência, isto é, terão de ter feito a via educacional que inclui um estágio, ou seja, a prática pedagógica supervisionada, no âmbito da qual, foram avaliadas científica e pedagogicamente e aprovadas! Sendo assim, que sentido tem uma prova de ingresso na carreira docente? Nenhum! Aliás, veja-se esta coisa tão estranha e paradoxal: o artº2 do Dec.Regulamentar 3/2008, de 21 de Janeiro estabelece que a prova de avaliação de conhecimentos e competências destina-se a quem, sendo detentor de uma habilitação profissional para a docência pretenda candidatar-se ao exercício de funções docentes (…). Quer dizer, o próprio decreto sobre a prova reconhece que os que a vão fazer têm habilitação profissional para a docência! Então, para que vão fazer a prova?
Um contributo enviado por: Pedro Miguel Almeida
O grande debate que tem vindo a ser travado nos últimos anos acerca da educação, é entre aqueles que defendem o modelo ensino público centralista, em que a responsabilidade pela educação cabe em primeiro lugar ao Estado, e aqueles que defendem a liberdade de escolha na educação, porque acreditam que essa responsabilidade cabe em primeiro lugar às famílias .
No modelo de ensino público centralista que ainda hoje vigora nas escolas portuguesas, existe uma distinção rígida entre as escolas públicas e escolas privadas. Neste modelo de educação, todas as escolas públicas são administradas pelo governo, e as pessoas que lá trabalham são funcionários públicos. As escolas são muito semelhantes entre si, e obedecem a regras rígidas determinadas centralmente pelo Ministério da Educação, e os alunos são obrigados a frequentar a escola da sua área de residência. Por outro lado, existem as escolas privadas, que gozam de alguma autonomia face ao Governo. O financiamento é no entanto privado; cada um pode matricular os seus filhos onde quiser desde que possua os recursos financeiros necessários e a escola os aceitar .
Contributo enviado por: Bruno Correia (MBC)
Os professores andam desmotivados. Perdidos em tanta legislação incompreensiva e inútil. Apanhados numa avaliação complexa, burocrática e ineficaz! Todos os dia chegam às escolas novas normas que só servem para tapar buracos! Ninguém se entende! Ninguém percebe o que o legislador quis dizer! Tudo é imposto, nada é discutido!
O papel do professor deixou de ser ensinar, a função ensinar passou quase a ser vista como depreciativa. Passámos a preencher documentos e mais documentos, que nunca têm fim, a gastar papel em impressores a funcionarem em série, a encher dossier, o portfólio bonitinho. E é este o nosso trabalho!
Os avaliadores não têm, muitas vezes, competências técnicas para o fazerem. Uns demitem-se, outros minimalizam a função!
A Escola não tem hoje um clima de respeito e educação, é um espaço de medo e angústia! Tudo o que fazemos parece que vai ter uma consequência que se vira contra nós! Temos o sentimento que tudo o que façamos não é nunca suficiente, que não tem qualquer resultado, tudo parece arbitrário!
Criou-se o sentimento que o excelente, é uma pérola muito rara e excepcional, não é para os melhores mas já está predestinada, nunca seremos nós professores o seu alvo!
A escola, os prefessores, os alunos, a comunidade estão de rastos!
Um contributo enviado por: Paulo Antunes
Contributo enviado por: António Lopes
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