Veja aqui o vídeo.
Senhor presidente,
Senhoras e Senhores Deputados:
Algum dos Senhores Deputados é capaz de afirmar, com verdade e em consciência, que a escola portuguesa, no seu estado actual,
é uma escola exigente que apetrecha e prepara bem os seus alunos?
Algum dos Senhores Deputados é capaz de afirmar, com verdade e em consciência, que a escola portuguesa, no seu estado actual,
tem como preocupação primeira dotar os alunos de conhecimentos efectivos, sólidos, substantivos?
Pois bem, Senhores Deputados, o principal objectivo do debate promovido pelo PSD é este mesmo: recentrar as políticas educativas na sua finalidade prioritária: a transmissão e a aquisição do conhecimento.
O debate de hoje – tal como aqui se travou – serviu, por isso, para derrubar dois dos vários mitos da política de educação do Governo PS.
Primeiro mito, o mito ideológico. O Governo PS e os seus arautos nesta Câmara arrancam da premissa ideológica de que uma escola aberta e acessível a todos, democrática ou “inclusiva”, como tanto gostam de dizer –
tem de ser complacente, tem de fazer concessões ao “facilitismo”, tem de renunciar a quaisquer critérios de seriação e de selectividade.
Nada de mais falso. Nada de mais erróneo.
A exigência é uma condição sine qua non para uma verdadeira igualdade de oportunidades. É mesmo um pressuposto indispensável da correcção das assimetrias de origem entre os alunos portugueses (que vão da condição económica-social ao ambiente cultural das respectivas famílias). Ao contrário de um preconceito muito divulgado, a exigência e a profundidade no ensino são o primeiro requisito da chamada "escola inclusiva". O laxismo e o facilitismo não são apenas factores de atraso no desenvolvimento global do país; são responsáveis directos pela marginalização definitiva dos alunos mais desfavorecidos sócio-culturalmente.
O segundo mito: o mito burocrático. O Governo PS e os seus oráculos nesta Câmara transformaram a avaliação da escola – da escola no seu todo – no alfa e no ómega das políticas de educação. O que significa que deslocaram a rotina das escolas, o seu dia-a-dia, da equação “ensino-aprendizagem” para o binómio “reporte-avaliação”. Perde-se muito mais tempo a aferir e avaliar – alunos, professores, escolas, funcionários – do que a ensinar e a aprender. O arranque do ano lectivo – da vida das escolas (ou das escolinhas, como, com aquele toque de ternura de que só a propaganda é capaz, o Governo agora lhes chama) –
está irremediavelmente marcado pela burocracia e o melindre da avaliação, em especial da avaliação dos professores, feita nos termos que todos conhecem.
Houve um dia em que a senhora Ministra disse – numa frase infeliz e errada – disse que o sistema educativo está demasiado centrado nos professores.
Mas cabe perguntar – e perguntar-lhe também a ela –, esta atribulada avaliação não será um dos principais factores de concentração do dito sistema educativo em torno da classe docente? Enquanto se preenchem formulários, se escrevem relatórios, se marcam reuniões e se fazem entrevistas, quantas aulas ficam por preparar, quantos alunos repetentes ficam por assistir, quanto empenho e energias de professores se gastam em secretarias e corredores?
O Governo PS, nos três anos e meio de Governo que leva, abriu várias frentes nas políticas educativas. Tem errado muito; e tem errado mais do que acertado. Mas uma área em que falhou clamorosamente foi a da exigência e qualidade do ensino.
[Já não se fala no escândalo da manipulação estatística, do uso de um único ano, ainda por cima não comparável. A instabilidade dos graus de dificuldade e das condições de prestação de provas. A alteração de regras de realização de provas de exame, aliás, condenada, por ilegais, em tribunal. A eliminação das provas globais do 9.º ano. A tentativa de eliminação dos trabalhos de casa. A desmotivação e desacreditação dos professores – agora documentada nos números impressionantes dos pedidos de aposentação.]
O reforço da exigência é, pois, um imperativo político de primeira grandeza. Sabemos bem que ele depende de múltiplos factores, que interagem entre si e que são de assinalável complexidade. Apresentaremos, por isso, oportunamente, um projecto de resolução, que,
assente no conjunto de propostas feitas ao longo desta legislatura,
no debate público que antecedeu a discussão de hoje e que continuará para balanço no blog que tanto sucesso teve,
na audição de mais um conjunto de especialistas,
um projecto de resolução, dizia, exclusivamente destinada ao reforço da exigência, da qualidade e do rigor no ensino nas escolas portuguesas.
Julgamos, porém, que a complexidade do nosso sistema educativo exige “medidas-alavanca”
com uma lógica incremental,
e, por isso, desde já fazemos uma proposta de reintrodução gradual de exames nos anos de conclusão de cada ciclo do ensino básico.
Nos anos em que há provas de mera aferição, que se passe a um sistema de provas globais, que, ao fim de três anos e após avaliação, se convertam em autênticos exames.
Nos anos ou disciplinas em que haja provas globais, que passem a ser exames verdadeiros e próprios.
Exames, naturalmente, cujo resultado seja convenientemente ponderado com a avaliação contínua.
Sabemos bem que se trata de uma medida difícil e dura, que,
caso seja organizada por entidades independentes e credíveis, desencadeará efeitos de alguma austeridade e severidade num primeiro momento.
Mas propiciará também, estamos certos, uma elevação dos padrões de exigência e de rigor, fornecerá indicadores indirectos de avaliação externa de professores e escolas, contribuirá para desempenhar melhor a missão da escola: a transmissão intergeracional do saber.
Há quem prefira soluções fáceis e vendáveis, com sérios custos a curto-médio prazo: as da ilusão estatística. Nós não temos medo das medidas difíceis, temos bem consciência do dilema do poeta, que beijar o gesto, tem de beijar as mãos.
Senhor presidente,
Senhoras e Senhores Deputados:
Algum dos Senhores Deputados é capaz de afirmar, com verdade e em consciência, que a escola portuguesa, no seu estado actual,
é uma escola exigente que apetrecha e prepara bem os seus alunos?
Algum dos Senhores Deputados é capaz de afirmar, com verdade e em consciência, que a escola portuguesa, no seu estado actual,
tem como preocupação primeira dotar os alunos de conhecimentos efectivos, sólidos, substantivos?
Pois bem, Senhores Deputados, o principal objectivo do debate promovido pelo PSD é este mesmo: recentrar as políticas educativas na sua finalidade prioritária: a transmissão e a aquisição do conhecimento.
O debate de hoje – tal como aqui se travou – serviu, por isso, para derrubar dois dos vários mitos da política de educação do Governo PS.
Primeiro mito, o mito ideológico. O Governo PS e os seus arautos nesta Câmara arrancam da premissa ideológica de que uma escola aberta e acessível a todos, democrática ou “inclusiva”, como tanto gostam de dizer –
tem de ser complacente, tem de fazer concessões ao “facilitismo”, tem de renunciar a quaisquer critérios de seriação e de selectividade.
Nada de mais falso. Nada de mais erróneo.
A exigência é uma condição sine qua non para uma verdadeira igualdade de oportunidades. É mesmo um pressuposto indispensável da correcção das assimetrias de origem entre os alunos portugueses (que vão da condição económica-social ao ambiente cultural das respectivas famílias). Ao contrário de um preconceito muito divulgado, a exigência e a profundidade no ensino são o primeiro requisito da chamada "escola inclusiva". O laxismo e o facilitismo não são apenas factores de atraso no desenvolvimento global do país; são responsáveis directos pela marginalização definitiva dos alunos mais desfavorecidos sócio-culturalmente.
O segundo mito: o mito burocrático. O Governo PS e os seus oráculos nesta Câmara transformaram a avaliação da escola – da escola no seu todo – no alfa e no ómega das políticas de educação. O que significa que deslocaram a rotina das escolas, o seu dia-a-dia, da equação “ensino-aprendizagem” para o binómio “reporte-avaliação”. Perde-se muito mais tempo a aferir e avaliar – alunos, professores, escolas, funcionários – do que a ensinar e a aprender. O arranque do ano lectivo – da vida das escolas (ou das escolinhas, como, com aquele toque de ternura de que só a propaganda é capaz, o Governo agora lhes chama) –
está irremediavelmente marcado pela burocracia e o melindre da avaliação, em especial da avaliação dos professores, feita nos termos que todos conhecem.
Houve um dia em que a senhora Ministra disse – numa frase infeliz e errada – disse que o sistema educativo está demasiado centrado nos professores.
Mas cabe perguntar – e perguntar-lhe também a ela –, esta atribulada avaliação não será um dos principais factores de concentração do dito sistema educativo em torno da classe docente? Enquanto se preenchem formulários, se escrevem relatórios, se marcam reuniões e se fazem entrevistas, quantas aulas ficam por preparar, quantos alunos repetentes ficam por assistir, quanto empenho e energias de professores se gastam em secretarias e corredores?
O Governo PS, nos três anos e meio de Governo que leva, abriu várias frentes nas políticas educativas. Tem errado muito; e tem errado mais do que acertado. Mas uma área em que falhou clamorosamente foi a da exigência e qualidade do ensino.
[Já não se fala no escândalo da manipulação estatística, do uso de um único ano, ainda por cima não comparável. A instabilidade dos graus de dificuldade e das condições de prestação de provas. A alteração de regras de realização de provas de exame, aliás, condenada, por ilegais, em tribunal. A eliminação das provas globais do 9.º ano. A tentativa de eliminação dos trabalhos de casa. A desmotivação e desacreditação dos professores – agora documentada nos números impressionantes dos pedidos de aposentação.]
O reforço da exigência é, pois, um imperativo político de primeira grandeza. Sabemos bem que ele depende de múltiplos factores, que interagem entre si e que são de assinalável complexidade. Apresentaremos, por isso, oportunamente, um projecto de resolução, que,
assente no conjunto de propostas feitas ao longo desta legislatura,
no debate público que antecedeu a discussão de hoje e que continuará para balanço no blog que tanto sucesso teve,
na audição de mais um conjunto de especialistas,
um projecto de resolução, dizia, exclusivamente destinada ao reforço da exigência, da qualidade e do rigor no ensino nas escolas portuguesas.
Julgamos, porém, que a complexidade do nosso sistema educativo exige “medidas-alavanca”
com uma lógica incremental,
e, por isso, desde já fazemos uma proposta de reintrodução gradual de exames nos anos de conclusão de cada ciclo do ensino básico.
Nos anos em que há provas de mera aferição, que se passe a um sistema de provas globais, que, ao fim de três anos e após avaliação, se convertam em autênticos exames.
Nos anos ou disciplinas em que haja provas globais, que passem a ser exames verdadeiros e próprios.
Exames, naturalmente, cujo resultado seja convenientemente ponderado com a avaliação contínua.
Sabemos bem que se trata de uma medida difícil e dura, que,
caso seja organizada por entidades independentes e credíveis, desencadeará efeitos de alguma austeridade e severidade num primeiro momento.
Mas propiciará também, estamos certos, uma elevação dos padrões de exigência e de rigor, fornecerá indicadores indirectos de avaliação externa de professores e escolas, contribuirá para desempenhar melhor a missão da escola: a transmissão intergeracional do saber.
Há quem prefira soluções fáceis e vendáveis, com sérios custos a curto-médio prazo: as da ilusão estatística. Nós não temos medo das medidas difíceis, temos bem consciência do dilema do poeta, que beijar o gesto, tem de beijar as mãos.
Dizia, na verdade, Fernando Pessoa.
Oh tocadora de harpa! Se eu pudesse beijar teu gesto sem beijar as tuas mãos…
Veja aqui o vídeo.
Senhor Presidente
Senhoras e Senhores Deputados
O PSD traz hoje a debate no Parlamento o estado do ensino no nosso País.
Mais concretamente, pretendemos discutir, com sentido de responsabilidade, a acentuada degradação da exigência e da qualidade no sistema de ensino português.
Contudo, impõe-se uma nota prévia:
Senhor Presidente
Senhores Deputados
A ausência do Ministério da Educação neste debate, onde tinha a obrigação de estar, é exemplarmente paradigmática da atitude arrogante, autista e passiva que o Governo adopta perante os reais problemas da Educação.
O Ministério da Educação foge ao debate, porque tem medo do confronto com a realidade.
O Ministério da Educação fecha-se na ilusão das estatísticas artificiais, fugindo à acareação com a realidade efectiva que se vive no dia-a-dia nas nossas escolas.
Todos conhecemos a velha máxima que nos diz que “uma imagem vale mais que mil palavras”.
Eu diria que “há ausências que significam mais que mil acções de propaganda”.
Pela nossa parte, não desistimos de procurar as melhores soluções para este problema estrutural e grave que o País enfrenta.
Este debate é prova disso mesmo.
Ao longo dos últimos dias o PSD inovou, levando o debate para fora das paredes da Assembleia da República e trazendo, para o seu seio, diagnósticos, opiniões, ideias e propostas.
Para além de inúmeras reuniões com agentes e especialistas nesta área, o recurso às novas tecnologias revelou-se, a este respeito, uma ferramenta particularmente eficaz.
O fórum de discussão que, há uma semana atrás, o PSD lançou na Internet, sobre este tema, tem-se revelado um sucesso absolutamente surpreendente.
Veja aqui a resposta do Deputado Pedro Duarte às questões colocadas pelos outros partidos.